sábado, 6 de novembro de 2010

POLICIAIS CIVIS EM FORMAÇÃO SÓ TERÃO DIREITO A PRÁTICA DE 50 TIROS NO CURSO

 

Sindicato reclama que aprovados no concurso da Polícia Civil só terão 50 balas para atirar cada um durante o curso
Os 320 agentes, mais 90 delegados e os 130 escrivães que deverão ser efetivados a partir de dezembro pela Polícia Civil têm o dever de saber atirar, como qualquer outro policial, mas o curso de formação limitou essa prática a 50 tiros. Os futuros policiais terão que aprender a usar as armas gastando apenas essa quantidade de munição, que foram cedidas pela Polícia Militar por falta do material na Civil. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) afirma que está esperando a chegada de 87,5 mil cartuchos de calíbre 38 e .40. Assim que o material chegar os alunos poderão ter mais aulas antes de irem às ruas.

O governo do estado anunciou em junho deste ano o início do curso, após a convocação dos aprovados no último concurso público.O último processo seletivo para delegados, por exemplo, aconteceu há dez anos. A chegada dos novos policiais aumentará em 40% o efetivo da Polícia Civil, que atualmente é de 142 delegados, 143 escrivães e 1.116 agentes.

De acordo com as denúncias dos alunos que não quiseram se identificar, as aulas práticas de tiro estão limitadas a 50 cartuchos por pessoa. Inicialmente seriam 450, depois o número caiu para 150, em seguida foi cogitada a possibilidade de não ter nenhuma preparação e por último foi informado que eles teriam direito ao limitado número de 50 tiros. Eles acreditam que essa quantidade não é suficiente para aprender a manusear o armamento.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Rio Grande do Norte (Sinpol-RN), Djair Oliveira, a média de 450 munições por aluno é considerada satisfatória. "Acho isso um absurdo. Eles não terão condições técnicas de se familiarizar com o armamento. Esse contato precisa ser exaustivo", explica Djair. A informação repassada ao Sinpol foi de que o governo não tinha verba para comprar as munições. O representate do Sindicato questiona a falta de dinheiro diante do valor total do curso que foi de R$ 7 milhões.

"Não prepara ninguém. Não precisamos usar apenas uma arma. O policia usa revólver calibre 38, espingarda calibre 12, .40 e 9 milímetros. Como a pessoa vai aprender a usar isso com 50 balas?"questionou Djair. O Sinpol afirma que tinha sido solicitado uma audiência com o secretário de Segurança, Cristovão Praxedes, para tratar sobre a distribuição dos concursados. A conversa seria para priorizar as delegacias de bairro, que sofrem com problemas estruturais e de falta de efetivo. Porém, o sindicato não conseguiu encontrar o secretário.

A assessoria da Secretaria de Segurança informou que existe um processo de aquisição de 87.500 balas, entre calibres 38 e .40, no valor de R$ 128 mil, e que inclusive já foi feito o empenho dessa despesa. Não há data para a chegada do material, mas ele será destinado aos alunos do Curso de Formação e a Polícia Civil.

Prática menor que na segurança privada

A grade curricular exigida pelo Ministério da Justiça para formar profissionais da segurança privada fixa um número mínimo (carga horária vai variar conforme a função) de 76 tiros de revolvér calíbre 38 por aluno e que exista uma requalificação a cada dois anos com 40 disparos anuais. Segundo o proprietário da academia de formação Feroli, Major Jorge Ferreira de Oliveria Filho, mesmo a exigência sendo de um número reduzido, normalmente na formação os alunos dão mais de mil tiros para garantir a prática. O Major lembra que a responsabilidade e atribuição da segurança privada é menor que a de um policial civil. "Eles começam com armas não letais", lembra Jorge. A exigência mínima é de 160 horas, normalmente um mês, para formar um segurança.

FONTE: Diário de Natal

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